DÉCIMO SEXTO DIA: VILLALCÁZAR DE SIRGA / CALZADILLA DE LA CUEZA
– 22 KM
Saímos do albergue fazendo nossa doação. É comum
encontrar albergue e outros serviços no sistema de doação.
Hoje foi o dia mais difícil do caminho até agora, depois
de rodar uns 6 km, uma reta de 17 km sem fim, com a mesma paisagem, sol forte,
sem um local ideal para se parar ou uma tenda de alimentação para comprar algo.
Como já sabíamos desse percurso estávamos com alimento e água suficientes,
confiantes de que tudo daria certo.
Ana optou por não usar as botas, fato que o Alexandre já
estava fazendo há alguns dias e se sentia bem melhor da tendinite.
Entramos na temida reta e depois de andar uns 5 a 6 km
uma barraca que parecia miragem. Um carrinho vendendo sorvete no meio do nada!
Foi tudo de bom! Deu-nos uma boa animada.
Foi duro, fizemos de tudo para passar o tempo, mas estava
difícil demais.
Alexandre pegou um arame do cordão e tentou fazer uma
dobradura até surgir uma figura. Dobrou tanto o arame que acabou quebrando. Ana
ficava brincando com a sombra.
Cantamos, jogamos, ...Depois de muita criatividade
levantamos o cajado que tinha a bandeira do Brasil na ponta e cantamos o Hino
Nacional. Aí chegamos à conclusão de que estávamos chegando ao nosso limite.
Rimos muito e ficamos algum tempo em silêncio.
O pior é caminhar sem deixar cair na monotonia, sem
deixar o medo ou a vontade de desistir aparecer. É uma vitória diária para
qualquer peregrino. Sair de uma cidade e chegar à outra é uma felicidade que
temos todos os dias de caminhada.
Nossa parada nessa reta foi no caminho mesmo, sentamos no
chão e no final foi um das melhores paradas. O silêncio, o vento, a companhia,
o sol, tudo é muito bom quando não
estamos esperando muito.
A cidade que buscávamos ficava em um vale e só avistamos quando estávamos bem próximos. O Albergue era bom, tinha até piscina. O único problema era o banheiro que era comum a homens e mulheres. Fato que você vai se acostumando no decorrer dos dias.
O jantar foi especial. Mesa com franceses ( que só
falavam em francês ), belgas e suecos. A comunicação não foi as melhores, mas
teve comunicação com boas risadas. Comemos coxa de peru e feijão branco, tudo
regado a um excelente vinho. Fim de um dia perfeito!
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