domingo, 17 de janeiro de 2016

Chacaltaya

Tínhamos mais dois planos de passeio – O grande Chacaltaya e Uyuni. Resolvemos comprar um pacote que incluiu Ônibus, O passeio para Uyuni e a subida até o Chacaltaya. O valor para 4 pessoas ficou em 4320 bolivianos.
Para quem gosta de montanha como nós, não poderíamos deixar de conquistar essa. É um pico de 5.421 m de altitude.
Parece que lá tinha a mais alta estação de ski do mundo,  mas agora está desativada por falta de neve. É muito triste saber disso, fica cada vez mais claro que o mundo está aquecendo e vemos pouco para reverter essa situação.

Como sempre já esperávamos uma condução sem muito conforto. Chegamos ao ponto de encontro e lá estava ele, o ônibus que nos levaria bem perto do topo da montanha.  Era de assustar, não dava para acreditar que aquele ônibus venceria a montanha. Não tinha nenhuma identificação de que era um ônibus de turismo. Bom, já estávamos na Bolívia há alguns dias e de certa forma acostumados com as aventuras por lá. Falávamos que lá não tinha muito controle sobre as atividades turísticas, quando um policial parou o ônibus e pelo que deu para entender, ele não poderia andar pela região onde fomos parados. Não ficou claro que era porque era um ônibus de turismo que não poderia transitar pela região ou por falta de documentação. Ele pedia uma documentação que o motorista não tinha. Depois de muita negociação, fomos liberados para seguir. A aventura começava. O motorista para fugir de mais pontos policiais, foi por uma rota alternativa.



 Somos aventureiros, mas aquilo fugia dos princípios de segurança.  Passávamos por cada estrada estreita, cada lugar esquisito que dava muito medo. O medo ficou pior quando iniciamos efetivamente a subida da montanha. De um lado a montanha com várias pedras em risco de cair, do outro um penhasco. Essa estrada praticamente só passava um veículo, por sorte não cruzamos com mais nenhum. Nas curvas até ateu rezava....risos.



Achávamos que não podia piorar e iniciou a parte nevada. Ainda estávamos na metade da montanha. Tudo branco, como o motorista vai conseguir se orientar? Achamos que era por instinto. Na reta até tudo bem que era só seguir a inclinação da montanha, mas nas curvas.... Deus estava no controle. 



Para nosso desespero, em uma curva o ônibus começou a patinar na neve. Nesse momento a brincadeira já estava ficando séria, o maluco do motorista ainda tentou umas duas vezes. Ufa, ele desistiu! 

Descemos no meio do Branco total e depois de alguns minutos para baixar as batidas do coração, deslumbramento! O visual era lindo e olha que ainda estávamos uns 1/3 do caminho.

 A guia nos informou que dali poderíamos seguir a pé, com um sinal com a mão gritou – Para Arriba.....e saiu caminhando montanha acima. Todos seguiram a guia, até porque não se dava para ver muito bem onde deveríamos caminhar.




 A guia, super atlética e acostumada a fazer o caminho, disparou. Nós fomos ficando para trás. O cansaço era muito, faltava ar.


 Chegou um momento em que a Paula passou a primeira marcha e seguiu montanha acima sem parar um minuto. Em pouco tempo já não conseguíamos vê-la.

 O desespero do Alexandre foi grande, mas não tinha forças para acompanhar. A Paula é assim, não dá para entender. Para ficar completa a situação, começa a nevar. O trio Alexandre, Maria e Juan chegaram com o coração batendo na boca. A Paula também chegou bem quebrada, mas alguns minutos antes.


 A guia, essa chegou inteira e com no mínimo 30 minutos antes. Acredito que tenha chegado sozinha, até porque todos estavam bem quebrados. Tinha uma turista que não estava bem, faltava muito ar. No topo da montanha tem uma casa, era do período em que tinha atividade de ski por lá. Agora é um ponto de apoio. Para nossa tristeza, estava fechada. Nevava muito e não dava para curtir o visual, com o esforço acabamos suando e na parada o frio se intensificou. Essa foi uma verdadeira aventura.

Um senhor vem do nada no meio do branco, abre a porta da casa e nos convida a entrar. Ufa, a casa parecia um tanto abandonada, mas ficamos abrigados e apesar de ainda com frio, estávamos com menos frio do que estávamos lá fora. O senhor nos cobrou uns 15 bolivianos para entrar. O nosso desespero era tanto que pagava o quanto ele pedisse. Ainda nos serviu chá de coca. Depois de um bom chá com uns viveres que tínhamos levado, tudo voltou à normalidade. Um turista liga o celular e coloca uma música para tocar. A saidinha da Paula pergunta se não tem samba. Pior é que tinha. Tasca ela a dançar, os brasileiros que lá estavam brotaram de todos os cantos da casa, o convite é feito a um grupo de Alemães e a festa estava formada. Foi muito divertido.




Na volta ainda conseguimos fazer umas fotos no topo da montanha.


 A descida não foi diferente, nevava muito e não dava para ver nada a nossa frente. A guia nessa altura já deveria estar no ônibus. Preferimos pensar que no nosso grupo só tinha jovens e aventureiros e o feeling da guia foi achar que queríamos liberdade.Como na descida éramos um grupo só, voltamos conversando e tirando fotos uns dos outros.




 Chegamos e lá estava o ônibus no mesmo lugar. A diferença é que estava com a frente para a descida da montanha. Não sabemos como o motorista manobrou o ônibus naquela estrada tão estreita.

 Moral dessa aventura. – Na Bolívia, nunca acha que essa é sua maior aventura. Nós já aprendemos, ainda falta muito mais.