sábado, 15 de junho de 2013


ÚLTIMO DIA DE NOSSA CAMINHADA : PEDROZO / SANTIAGO DE COMPOSTELA -  20 KM


A ansiedade está total!

 Iniciamos o dia bem cedo, nosso objetivo de hoje é chegar a Santiago para assistir a missa do peregrino que inicia as 12:00h.



A manhã estava misteriosa, estávamos calados e uma sensação estranha pairava no ar.



Alexandre tirou uma foto da Ana e ao verificar surpreendeu-se com uma névoa que não viu quando tirou a foto.

Voltamos com as brincadeiras com fantasmas, dando boas risadas.



Fomos aquecendo e curtindo ao máximo o caminho, estava acabando.



Cada passo que dávamos nos sentíamos mais vazios. Já era a saudade batendo e como não ter saudade desse lugar....



Seguimos caminhando e quando percebemos já estávamos bem próximo do Monte do Gozo.

Nesse ponto a concentração de peregrinos era muito grande, todos buscavam chegar antes da missa.



Chegando ao Monte do Gozo percebemos que estávamos andando a um tempão sem dar uma parada. Já estávamos bem próximo do destino e essa foi nossa primeira parada.



Nesse ponto encontramos a brasileira Rosita e o espanhol Tomy, peregrinos que conhecemos no meio do caminho. Seguindo a tradição e descemos o Monte do Gozo cantando, todos juntos, e isso foi especial.

Entrando na cidade um silêncio tomou conta de nós. Seguíamos caminhando dentro da rotina da cidade. Já era um prenúncio do final.




Cruzamos a cidade entre artistas de rua e outros peregrinos que já faziam suas compras em um momento totalmente turista. Por fim lá estávamos, frente a frente com aquele monumento espetacular.



Esperávamos um sentimento de dever cumprido, alegria, alívio e tudo mais que normalmente sentimos quando cumprimos um desafio. O que ocorreu foi totalmente diferente, o sentimento foi de tristeza. Um sentimento de perda, ruptura. Muito estranho!

Você encontra todos os outros peregrinos que percorreram o caminho com você e sabe que provavelmente não os verão mais.

Ainda bem que isso é só um sentimento e temos que aprender com isso, buscando curtir a vida da melhor forma possível.

Comprovamos que isso é muito fácil.

Agora não somos mais peregrinos, somos turistas!



Chegamos a poucos minutos do horário da missa, a igreja já estava lotada e sentamos no chão mesmo.



Para nossa alegria estava tendo um encontro de padres e a missa contou com a cerimônia do botafumeiro.



Para erguer o botafumeiro e movimenta-lo é necessário a força de vários homens.



Ana cumpriu seu compromisso de colocar sua camisa nova e tirar uma foto na Espanha.



Uma curiosidade: Em um determinado ponto do caminho conhecemos o peregrino Marco que estava com problemas nos pés e tinha nos dito que deixaria sua unha em Santiago de Compostela. Lá estava ele no mesmo  albergue que nós e não é que ele cumpriu a promessa.



Reencontramos praticamente todos os brasileiros que cruzamos no caminho, mas foi muito bom reencontrar o casal Diego e Stella que conhecemos pela internet antes mesmo da caminhada, caminhamos juntos o primeiro dia e nos reencontramos no último. Parabéns, vocês foram guerreiros! Lembram-se do cajado que passamos para eles. Pois bem, eles encontraram outro peregrino que estava indo para Finisterra e o cajado seguiu. Isso é muito legal. Esse cajado vai ficar rodando o caminho para sempre.



Fechamos o dia com o Jantar dos peregrinos brasileiros.



Missão cumprida, agora é turismo! Ainda temos que conhecer um pouco da Espanha.


Agradecemos a atenção de todos que acompanharam e deram força em nossa peregrinação.
Que venha a próxima aventura!

sexta-feira, 14 de junho de 2013


VIGÉSIMO SETIMO DIA: MELIDE / PEDROZO -  34 KM

Nos últimos 100 km do caminho passamos a encontrar muitos peregrinos. Na verdade vimos muitos grupos. No início da caminhada de hoje passamos muito frio.

 Cruzamos com um grupo de peregrinos de Portugal que estavam fazendo o caminho primitivo. Quem sabe esse não é nossa próxima aventura....

Alessandra e Renato já haviam saído e iniciamos nosso penúltimo dia de caminhada sozinhos.

Foi um caminho árduo e bem doloroso, com subidas e descidas. Ana divide seus momentos entre gargalhadas e choro.


 Alexandre se mantém paciente e junto, prestando sua força, consolando e apoiando em todos os momentos.

Em um determinado momento da caminhada o tempo ficou muito ruim, choveu e para nossa surpresa do céu caiam pedras de gelo.


 O que mais poderíamos esperar dessa caminhada.
Depois da chuva, com a terra quente, começou um processo interessante de evaporação que tornou o caminho bem mais mágico.

O dia foi de chove um pouco e para. Um coloca capa de chuva e tira capa de chuva que dava nos nervos.

Encontramos nossos amigos novamente e vimos que Alessandra estava buscando forças para completar a caminhada. Como estavam em um ritmo muito lento resolvemos seguir sem eles mantendo nossos pensamentos na sua recuperação.
Cruzamos com esse cara nervoso que mesmo com cara de poucos amigos queria festa.

Cruzamos também com esses caras que estavam bem tranquilos.


O caminho tem muitos lugares lindos, mas esse tem uma magia...

Mais uma breve parada para um lanche ao custo de um donativo.

Paramos em um bar para um café e vimos que na parede tinham muitas moedas. Como a parede era de pedra, os peregrinos colocavam nas frestas moedas pedindo alguma coisa. Lá também foi depositado nossa fé.


Ana já posicionou sua bandeira do Brasil pensando na chegada ao nosso destino.

O cansaço vai nos abatendo a cada dia e só pensamos em Santiago. A ansiedade vai tomando conta e um sentimento estranho começa a nos dominar.
Já estamos sentindo saudades dos símbolos do caminho.

Para concluir o dia faltam apenas uns 18 km e algumas horas, mas parece uma eternidade.

Chegando em Pedroso não achávamos o Albergue municipal, Alexandre propõe ficar em um albergue privado e Ana comenta: - Agora é questão de honra! Vamos encontrar o albergue municipal.
Chegando no Albergue vimos que estava quase lotado e ficamos com um dos últimos lugares. Isso não seria problema, mas estava lotado de adolescentes barulhentos. Onze da noite e eles fazendo a maior algazarra. Tranquilo, faz parte de nosso crescimento espiritual.
Não podemos nos queixar de nada!
Agora é só tentar dormir para o tão esperado último dia de caminhada com a chegada a Santiago de Compostela.

quarta-feira, 12 de junho de 2013


VIGÉSIMO SEXTO: GONZAR / MELIDE-  32 KM


 

 




Depois de um dia quente de sol, hoje amanheceu muito frio, com névoa e chuva. O espanhol Tomy caminhou conosco por parte do caminho.


O caminho continua lindo, entre bosques de eucalipto e muito verde.
 
 


Cuidado com as formigas no caminho.



O clima estava piorando e estava muito frio.



 Alessandra estava com dificuldades para caminhar e Alexandre voltava a se queixar das dores no tendão de Aquiles, porém os km eram muitos e tínhamos que continuar.



Como o ritmo da Alessandra era menor que o nosso, tendo em vista seus problemas com bolhas e outras dores do caminho, resolvemos que adiantaríamos. Recomendamos não levar o corpo ao limite, ainda faltavam alguns bons km até Santiago.

Após Casanova resolvemos seguir e deixamos nossos amigos para trás.

Aceleramos e ao passarmos por Coto, não víamos mais as setas. Passamos a ladear uma estrada que  muito movimentada o que anunciava que estávamos no caminho errado. Não tinha uma viva alma nas proximidades e tínhamos que decidir se voltávamos ou seguíamos. Depois de um km vimos uma casa e pedimos ajuda. Uma senhora apareceu e confirmou que estávamos perdidos, orientando a pegar a primeira esquerda que o caminho ficava naquela direção. Ao dobrar passamos a ver alguns trabalhadores rurais e fomos pedindo informação até que encontramos as famosas setas amarelas.


Já tínhamos caminhado muito mais que o planejado e o cansaço já estava novamente nos abatendo. Foi muito bom ver que chegamos a tão famosa cidade dos “pulpos”.

Chegamos ao albergue e para nossa surpresa o Renato e a Alessandra chegaram logo em seguida. Foi muito legal porque a Alessandra não estava bem e achávamos que não conseguiria completar essa etapa.

Uma curiosidade: Existe no caminho pequenas casas que não identificamos para que serviam.




 Ficávamos imaginando e dando palpites de sua serventia. Exemplo: É para guardar ossos.....é uma espécie de pombal...é um local para rezar....

Qual não foi nossa surpresa ao ver que eram para armazenar milho, queijo e outros frios feitos nas aldeias.




Agora vamos aos “pulpos”.

A Ana amou os tais pulpos, mas o Alexandre não gostou muito. Renato nem se atreveu a experimentar e pediu um bom e velho bife de vaca. Como não podia ser diferente o jantar agradável e diferente.



 Voltamos para o albergue com um frio intenso que não nos deixou conhecer melhor a cidade.

Fim do dia ... Uma boa noite de sono é o que desejamos porque amanhã teremos mais um dia pesado.